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Uma vida desperdiçada

Olá sou brasileiro, 25 anos, sou do estado do Pará, fui apreendido no aeroporto internacional de Hong Kong do dia 1 de março de 2020, hoje me encontro em custódia e aguardo minha audiência para ser ser sentenciado penso esse ano pelas autoridades de Hong Kong.

Aqui irei contar minha tragédia antes de vir para Hong Kong, como eu conheci as pessoas que me ofereceram a proposta para viajar traficando drogas e que me levou o motivo para cometer esse crime. 

Sou filho mais novo dos irmãos venho de uma humilde família brasileira que vive no interior do estado do Pará, família religiosa e simples, meu pai e laureados rural e minha mãe e servidora pública. Meus irmãos são todos independentes e eu saí de casa aos 16 anos para trabalhar como cabeleireira de lá, vim estudar e me profissionalizar na área da beleza, em 2018 fui morar em Paramaribo-Suriname país vizinho do Brasil.

Cerca de um ano trabalhando em um salão lá conheci uma mulher que por todos e chamada de África, ela sempre frequentava meu local de trabalho e fomos criando uma certa amizade com o passar do tempo ego sempre falava e ela minha grande vontade de ter meu próprio salão de beleza que era meu grande sonho a se realizar. Foi aí que uma vez ela me propôs fazer essa viagem traficando para outros países por um valor que iria me ajudar sim a poder realizar meu sonho de ter meu próprio negócio.

De início eu recusei mas após alguns meses com a persistência dela e do esposo eu resolvi aceitar. 

Após alguns dias dizia que em Paramaribo ela passou meu contato de telefone para o chefe dela que vive em São Paulo que tem a nacionalidade africana mas vive no Brasil em um bairro periférico de São Paulo. 

Ele entrou em contato comigo comprando minhas passagens até São Paulo onde fiquei hospedado na casa dele mesmo por cerca de uma semana antes de vir para Hong Kong.

Lá conheci sua esposa que é brasileira alta, loira, branca estava grávida da época, sinhá outro africano que também vivê lá me ajudou a engolir as cápsulas, também trabalha para ele.

Foi me oferecido um valor de US$8,000 pela viagem se a viagem fosse bem sucedida seria-me pago aqui em Hong Kong. E eu concordei engoli 90 cápsulas de cocaína trazemo-la no estômago até Hong Kong.

Fui treinado a como me portar e como responder as perguntas perante a alfândega nos aeroportos. 

Porém após dois dias de viagem do Brasil a Hong Kong chegando fui imediatamente interrogado pela alfândega e levado para o hospital feito o exame de raio-X onde constou a droga no interior do meu corpo e claro me deu voz de prisão.


Nesta segunda parte da carta gostaria de deixar um aviso, alerta e me expressar sobre o sofrimento de estar preso do outro lado do mundo longe de todo e de todos os que mais amo.

As consequências dessa decisão estúpida causaram a maior dor, decepção e tristeza na minha família. Fui iludido com a fantasia de conseguir dinheiro fácil e rápido, conhecer outro país sem gastar grana do meu próprio bolso, e isso claro me encheu os olhos.

Por querer realizar um sonho de ter meu próprio negócio fui capaz de fazer a maior loucura da minha vida, aceitando essa viagem. Servir de mula para o tráfico de drogas para criminosos inescrupulosos. 

Agora me encontro preso, sozinho longe da minha família que hoje e que mais sofre com minha atual situação, minha mãe tornou-se hipertensa por causa da minha prisão, sofre demais por minha causa e isso é o que mais me destrói diariamente, viver em um lugar onde nunca recebi visita alguma de parentes. Esse sofrimento, essa solidão, não tem dinheiro algum no mundo que possa confortar. 

Então digo a você que acaso pense ou queira seguir esse caminho que do dinheiro fácil, conhecer outros países e etc… As consequências são grandes e as piores que você imaginar sem contar no risco de vida que é grande demais.

Ninguém merece passar por isso que eu e outras pessoas aqui passamos por isso venho através dessa simples carta dizer a você que ler isso. Tem a chance e pode dizer não ao tráfico internacional de drogas para Hong Kong e para qualquer outro lugar do mundo que seja.

Diga não.

Você pode.